pesquisa acadêmica

Reconstituição virtual da boate feita pela UFSM será usada no júri da Kiss

Felipe Backes e Gabriela Perufo

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Tiago Coutinho (MPRS/ divulgação) 
Virgínia Vecchioli, professora que conduziu a reconstrução da boate, apresentou o trabalho em coletiva de imprensa na manhã desta quarta-feira

Os promotores responsáveis pelo caso Kiss pretendem utilizar no júri uma reconstituição virtual do ambiente da boate Kiss produzido pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O trabalho foi apresentado na manhã desta quarta-feira, em coletiva na sede do Ministério Público (MP) Estadual, em Porto Alegre. 

- É um memorial virtual, de recriação da boate Kiss. É um trabalho impressionante. Tive a oportunidade de entrar dentro da boate Kiss e de tentar sair da boate. E não consegui. Esse trabalho é de um realismo tão grande que nos permite transitar por dentro da boate e ver a estrutura labiríntica que foi fundamental para esse evento - explica o promotor David Medina da Silva.

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A reconstituição foi liderada pela professora Virginia Vecchioli, doutora em antropologia social especializada em antropologia do direito. O projeto é semelhante à reconstituição já disponibilizada de um campo de concentração da ditadura argentina. O "El Campito" serviu como prova no chamado "megaprocesso Campo de Mayo", no Tribunal Oral Criminal Federal 1, na Argentina, neste ano. A professora da UFSM reconstruiu o lugar, que foi destruído pelos próprios agentes da ditadura, e a reconstrução foi usada em um processo movido por cerca de 300 vítimas, onde o trabalho de recriação do espaço foi apresentado por Virgínia durante o julgamento. Ela lembra que, além das 300 vítimas que movem o processo, mais de 3 mil foram mortas no local. O processo apura crimes contra a humanidade cometidos pela ditadura civil-militar argentina, nos anos 70.

Sobre a reconstrução da Kiss, a professora explica que é um trabalho que permite "que a cena do crime ingresse na sala de audiências". Cada testemunha, ao relembrar a noite, poderá usar da tecnologia para acompanhar os locais por onde passou dentro do imóvel. Com ajuda de outros acadêmicos, ela recriou todos os ambientes de dentro da boate Kiss, as portas, as paredes, os guarda-corpos e todos detalhes possíveis, recriando o ambiente antes da tragédia. Detalhes como degraus, rampas e a pouca sinalização para saída, além dos obstáculos entra a boate e a rua, foram cuidadosamente recriados e explicados durante a manhã desta quarta-feira na coletiva. Uma das críticas feitas por Virgínia, é que luminosos com propagandas chamavam mais a atenção do que as placas de saída "Participam da pesquisa Lucas Kolton, arquiteto desenvolvedor do projeto, Laura Lucca, arquiteta e mestranda em Ciências Sociais, Suzana Bellinaso, acadêmica de Ciências Sociais, Tauani Bisognin, arquivista e advogada e Andressa Hinkelnann, acadêmica de Ciências Sociais. Com base nas milhares páginas de processos, eles catalogaram todas provas que ficarão disponíveis nos dias de júri. Assim, durante o julgamento, qualquer testemunha ou defesa, ao questionar uma prova, o catálogo permitirá o acesso rápido à essa prova. 


Com a interação, é possível fazer qualquer trajeto da boate, de entrada, saída ou locomoção dentro dela. O trabalho foi baseado em todo o processo, incluindo provas documentais e de imagem, além de uma digitalização feita pelo Instituto de Criminalística do Distrito Federal, que na época da tragédia, em 2013, escaneou o ambiente. 

- Esse dispositivo interativo digital foi realizado de forma técnica. Eu, como estrangeira, não tenho envolvimento com sobreviventes ou familiares, meu engajamento aqui é totalmente profissional. Nosso trabalho é fidedigno porque retratamos fielmente todos ambientes em três dimensões - explicou Virgínia. 

Veja, a seguir, alguns pontos que mostram as dificuldades em deixar a boate na hora do incêndio, conforme a apresentação de Virgínia, e a explicação da pesquisadora: 

Fachada e porta de entrada e saída da boate:  data-filename="retriever" style="width: 100%;">

Entrada e acesso ao setor VIP:  data-filename="retriever" style="width: 100%;">

Guarda corpo próximo da entrada/saída e de um dos caixas: data-filename="retriever" style="width: 100%;">

Um dos salões da boate:  data-filename="retriever" style="width: 100%;">

Portas das cabines do banheiro, mostram o pequeno espaço para circular no ambiente quando abertas:  data-filename="retriever" style="width: 100%;">

Basculante do banheiro feminino, que assim como o masculino, estava vedada pelos dutos do ar-condicionado: data-filename="retriever" style="width: 100%;">

Degrau que separava dois salões da boate e provocou a queda pessoas que tentaram sair do local:  data-filename="retriever" style="width: 100%;">

Um dos ambientes menores da boate. Parede sem extintor foi detectada em cerca de 200 fotos de boates em festas que antecederam a tragédia:  data-filename="retriever" style="width: 100%;">

Palco com espuma no teto e nas paredes. Como o teto foi rebaixado, assim que o artefato pirotécnico foi aceso, logo atingiu a espuma, que era tóxica e causou mortes:  data-filename="retriever" style="width: 100%;">

Rampa que indica a saída, mas leva ao caixa da boate. Segundo a professora, placa não era visível a todos que estavam na boate:

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Caixa após a rampa com sinalização da saída. Nesta saída, para chegar até a rua, ainda é preciso subir quatro degraus, passar pela porta da imagem abaixo que leva, ainda, para outra porta: 

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Segunda porta para saída:   data-filename="retriever" style="width: 100%;">

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